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Mostrando postagens de novembro, 2018

Império do fingimento Olavo de Carvalho

Império do fingimento Olavo de Carvalho Jornal da Tarde, 20 de junho de 2002 A visão que o público tem da realidade do mundo depende do que lhe chega pela mídia. Conforme a seleção das notícias, tal será o critério popular para distinguir o real do ilusório, o provável do improvável, o verossímil do inverossímil. Goethe foi um dos primeiros a assinalar um dos efeitos mais característicos da ascensão da mídia moderna. Dizia ele: “Assim como em Roma, além dos romanos, há uma outra população de estátuas, assim também existe, ao lado do mundo real, um outro mundo feito de alucinações, quase mais poderoso, no qual está vivendo a maioria das pessoas.” Não há dúvida de que o próprio progresso da mídia, estimulando a variedade de pontos de vista, neutraliza em parte esse efeito, mas volta e meia ele aparece de novo, nas periódicas retomadas dos meios de comunicação por grupos ideologicamente orientados, que impõem sua própria fantasia gremial como a única realidade publicamente admitida.

Cenas e truques Por Sandro Guidalli

Cenas e truques Por Sandro Guidalli 17 de Junho de 2002 Um dos mais conhecidos truques praticados pelos intelectuais e jornalistas da esquerda é o de martelar sem trégua a sua suposta falta de espaço nos meios de comunicação, fazendo-o, diga-se de passagem, nos próprios meios de comunicação! Apesar de já terem dominado as faculdades e as redações, eles reclamam com a maior cara-de-pau que estão em permanente desvantagem contra o “sistema de perversão midiática hegemonizado pelo imperialismo”, para ficar nas palavras do jornalista comunista português, Miguel Urbano Rodrigues. Em recente artigo abrigado pelo Observatório da Imprensa, aliás, Urbano chega a puxar as orelhas dos colegas que não aproveitam de forma correta o abundante espaço dado a eles na mídia. O doutrinamento, segundo ele, às vezes cede espaço ao mais puro vedetismo, o que tem irritado nosso agente-jornalista luso. Ao lado da estratégia que transforma os donos do pedaço em chorões cínicos, há uma outra: a que tole

Refletindo sobre a violência Por José Nivaldo Cordeiro

Refletindo sobre a violência Por José Nivaldo Cordeiro 16 de Junho de 2002 Recebi um texto muito bem escrito, ainda que em forma preliminar, de um amigo internauta (Josino Moraes), na qual ele não titubeia em classificar a violência que se verifica no Brasil de guerra (“A guerra brasileira”). Isso em virtude da natureza do processo em que se dá a violência, da forma em que se organizam as quadrilhas de malfeitores, com marcantes características militares, e dos números maiúsculos de suas vítimas. E mais: ele identifica que a espiral de violência é ainda mais forte nos centros ricos do País, onde a economia é mais desenvolvida, como as regiões metropolitanas. É difícil discordar do autor. O termo guerra pode ser também compreendido como uma metáfora para definir um processo de regressão da nossa sociedade ao um estado pré-civilizatório. No meu modo de ver, o grande drama é que o Estado e a elite pensante do País têm-se portado de forma neutra: a guerra é travada basicamente entre a

Vaidade mortal Olavo de Carvalho

Vaidade mortal Olavo de Carvalho Zero Hora, 16 de junho de 2002 “A burguesia tece a corda com que será enforcada.” (V. I. Lênin) No Brasil, qualquer sujeito que tenha algum dinheiro no bolso — e principalmente na bolsa — acredita-se por isso um conhecedor do mundo, um dominador dos segredos mais íntimos da mente humana, da história, da sociedade e do poder. Mesmo devida ao acaso, à ajuda dos amigos ou a um pai generoso, sua vitória financeira lhe parece uma prova incontestável da veracidade das suas idéias e da sabedoria das suas preferências. Baseado nessa convicção, ele acredita poder opinar com razoável certeza sobre uma variedade de assuntos sem necessitar para isso de estudos longos e dificultosos, bastando-lhe, na mais estafante das hipóteses, uma lambida no noticiário do dia e uma rápida inspeção dos últimos best sellers aclamados pelo New York Times. Esse é o perfeito idiota opulento que os intelectuais de esquerda utilizam para subsidiar a “revolução cultural” destinada a

A arrogância da incultura Olavo de Carvalho

A arrogância da incultura Olavo de Carvalho O Globo, 15 de junho de 2002 Está circulando pela internet um artigo assinado por Rubens Alves, educador e professor da Unicamp, que defende a eleição de Lula para presidente mediante um truque de argumentação que tem tudo para enganar milhares de leitores. O professor Alves começa reproduzindo, como se pretendesse defendê-las, duas das objeções de praxe contra o candidato do PT: Primeira: é um caipira inculto, que mal terminou o curso primário e, habilitado a trabalhar antes com os músculos do que com o cérebro, não tem o mínimo preparo para lidar com as grandes questões nacionais. Segunda: tem umas propostas de política agrária que, se aplicadas, levarão o país a uma convulsão social. Uma vez expostas essas objeções, o autor as neutraliza de repente, com grande efeito persuasivo, mostrando que as copiou de discursos feitos não contra Lula, mas contra Abraham Lincoln, o qual, a despeito delas, veio a tornar-se um dos maiores presidente

Serra e Lula Por José Nivaldo Cordeiro

Serra e Lula Por José Nivaldo Cordeiro 13 de Junho de 2002 Pelo andar da carruagem, a eleição presidencial que se aproxima deverá caminhar mesmo para a disputa polarizada entre Serra e Lula, se não houver nenhum fato novo. Quais as semelhanças e diferenças entre os dois candidatos? Que forças políticas representam? Para onde caminhará o Brasil sob o comando de um ou de outro? Várias vezes eu abordei esse tema nos artigos anteriores, ao qual volto motivado por um e-mail provocativo que recebi, o qual me colocou a questão: se nenhum dos dois, quem, então? É esse o drama do nosso Brasil, pois que não há uma terceira alternativa. Nenhum dos dois reflete a minha inclinação política, que pode representar a inclinação de uma boa maioria silenciosa ou, no mínimo, uma minoria bastante ponderável. O drama consiste exatamente no fato de que nenhum dos dois candidatos, enquanto instrumento das forças políticas que representam, terão condições de conduzir o processo de retirada do Brasil do ato

Olavo de Carvalho - Juiz e a Lei

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Olavo de Carvalho - Como Educar os Filhos no Mundo de Hoje

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Olavo de Carvalho - Sobre Jonh Lennon

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OLAVO DE CARVALHO

24.8.2017 25 DE AGOSTO DE 2017 ~ ACORDAILHA Se você não aprende a viver sem nenhum “ideal de sociedade”, você vai ser sempre uma deformidade humana que busca alívio da sua própria feiura apontando feiura em tudo. * Segundo os próprios teóricos de maio de 68, é impossível lutar contra “a discriminação” sem fazer amplo uso da “discriminação positiva”. Que é discriminação positiva? É a discriminação da maioria trabalhadora — os “deploráveis” — pelas minorias militantes aliadas à burocracia estatal e às megafortunas. É o soviete capitalista em todo o esplendor da sua monstruosidade. Esse é o mundo em que estamos entrando e do qual, se acabarmos de entrar, não conseguiremos sair. * Pois o sonho da Fundação Rockefeller não era fundir comunismo e capitalismo? Já estão no ponto de fusão. * Não conheço um único político brasileiro que tenha a menor consciência dessas coisas. Eles assimilam slogans pela boniteza — com um pouco de incentivo financeiro, é claro — e saem repetindo, crentes de

Besteira de Botequim Por José Nivaldo Cordeiro

9 de Junho de 2002 De forma nenhuma a competição da FIFA camufla os nossos problemas sociais. É uma grande besteira pensar assim. Quem, como eu, acompanha o movimento do comércio, tem um bom termômetro para perceber o impacto da Copa do Mundo sobre o comportamento das pessoas. Nas copas passadas, quando os horários dos jogos caíam em período diurno, as vendas a varejo praticamente cessavam: as pessoas simplesmente optavam por ficar em casa ou em locais de reuniões, dando uma banana para o trabalho, para a escola e naturalmente para a compras. É um fenômeno sociológico notável. Com os jogos acontecendo de madrugada imaginei que tal comportamento fosse ser modificado. Afinal, a maior parte das pessoas detesta ter o seu sono perturbado e também ficar insones por bobagens. Enganei-me redondamente: desde que começou o certame o movimento nos shopping centers caiu, especialmente no dia do primeiro jogo do Brasil (escrevo na quarta feira). Segundo eu pude perceber, as pessoas acompanham n

Do marxismo cultural Olavo de Carvalho

Do marxismo cultural Olavo de Carvalho O Globo, 8 de junho de 2002 Segundo o marxismo clássico, os proletários eram inimigos naturais do capitalismo. Lênin acrescentou a isso a idéia de que o imperialismo era fruto da luta capitalista para a conquista de novos mercados. Conclusão inevitável: os proletários eram também inimigos do imperialismo e se recusariam a servi-lo num conflito imperialista generalizado. Mais apegados a seus interesses de classe que aos de seus patrões imperialistas, fugiriam ao recrutamento ou usariam de suas armas para derrubar o capitalismo em vez de lutar contra seus companheiros proletários das nações vizinhas. Em 1914, esse silogismo parecia a todos os intelectuais marxistas coisa líquida e certa. Qual não foi sua surpresa, portanto, quando o proletariado aderiu à pregação patriótica, alistando-se em massa e lutando bravamente nos campos de batalha pelos “interesses imperialistas”! O estupor geral encontrou um breve alívio no sucesso bolchevique de 1917, m

O comunismo depois do fim Olavo de Carvalho

O comunismo depois do fim Olavo de Carvalho Jornal da Tarde, 06 de junho de 2002 Imagine que, finda a II Guerra Mundial, morto o Führer nas profundezas do seu bunker, restaurada a democracia na Alemanha, um consenso tácito universal decidisse que os crimes de guerra nazistas não deveriam ser investigados nem punidos, que o Partido Nazista continuaria na legalidade sob deminações diversas, que uma boa parte dos campos de concentração deveria continuar funcionando ao menos discretamente, que ninguém na Gestapo ou nas SS seria demitido ou interrogado e que alguns bons funcionários dessas lindas instituições deveriam ser mesmo postos no comando da nação. Nessas condições, você acreditaria em “fim do nazismo”? Ou antes perceberia aí um imenso “upgrade” desse movimento satânico, despido de sua aparência mais óbvia e comprometedora, sutilizado e disseminado no ar como um vírus para contaminar toda a humanidade? Você acreditaria em “fim do nazismo” se, preservados os meios desubsistência

Moral e política Por José Nivaldo Cordeiro

Moral e política Por José Nivaldo Cordeiro 4 de Junho de 2002 “History is again on the move” (Toynbee). Fazer política não é necessariamente fazer o bem. Essa verdade é tão antiga quanto a obra de Maquiavel. O grande perigo é justamente confundir os campos de ação, o da moral e o da política. No âmbito moral, temos sempre a polaridade bem e mal, opostos irreconciliáveis. Quando se projeta no jogo político esses referenciais morais, não reconhecendo a sua especificidade, cai-se necessariamente no maniqueísmo, de tal sorte que tudo que aquilo que me é semelhante é bom e tudo que me é diferente é mau. Então é possível afirmar que quem confunde moral com política esconde em si uma inclinação totalitária e intolerante, incapaz de conviver e aceitar o jogo democrático, ainda que disso não tenha consciência. Quando moral e política são confundidos, ocorre o preâmbulo da ditadura e o totalitarismo. A política, vista por sua própria especificidade, é a maneira do homem maduro percebê-la.

Guerra fantástica Por José Nivaldo Cordeiro

Guerra fantástica Por José Nivaldo Cordeiro 2 de Junho de 2002 Sou aficcionado por filmes de guerra. A guerra é um momento crucial na existência, seja dos indivíduos, seja dos coletivos. É um fenômeno caracteristicamente humano e quando nos referimos à Natureza usando o vocábulo “guerra” é apenas força de expressão, uma metáfora, uma projeção antropomórfica pura. Guerra e História formam uma unidade indissolúvel. Não podemos ser contra a guerra, da mesma forma que não podemos ser contrários ao nascer do sol. Nesse sentido, o pacifismo é coisa de ignorantes, uma estupidez. Podemos estudá-la, analisá-la, odiá-la, mas jamais podemos negá-la como realidade e necessidade histórica. É um fato da vida. A guerra é sobretudo um fenômeno psicológico, uma loucura coletiva que sacrifica homens no altar do deus da morte. Será talvez o instante em que o mal é mais palpável, mais objetivo: quem dela participa vê o fundo dos olhos de Mefisto e é tomado por seu fascínio macabro. Na vida civil o que

A lógica da tribo e a guerra nuclear Por José Nivaldo Cordeiro

A lógica da tribo e a guerra nuclear Por José Nivaldo Cordeiro 1 de Junho de 2002 A descrição que Roberto Godoy, jornalista especializado em questões de defesa do jornal “O Estado de São Paulo”, fez na edição de hoje sobre as conseqüências de possíveis explosões atômicas no conflito Índia/Paquistão, é apocalíptica. Detonar tais armas sobre centros urbanos não é apenas irracional, é uma afronta à espécie humana. E o que está em jogo naquela disputa? Objetivamente, o que vemos é um governo tribal – o Paquistão – confrontar uma democracia, alimentando de forma irresponsável um movimento separatista. Seu ponto de vista da revolução islâmica é um perigo, não apenas para a Índia, mas para o mundo civilizado em geral. Dar a chefes tribais o poder de manejar artefatos com tal poder de destruição é algo que remete aos finais dos tempos. A doutrina nuclear da Índia é sensata e responsável. Ogivas, mísseis e detonadores ficam em locais diferentes e só podem ser juntados para o respectivo di

A proibição da realidade Olavo de Carvalho

A proibição da realidade Olavo de Carvalho O Globo, 1 de junho de 2002 Sentimus experimurque nos aeternos esse”, dizia Spinoza: “Sentimos e experimentamos que somos eternos.” Tal é a mais básica vivência humana, aquela que nos constitui como homens, que nos diferencia dos animais, que estrutura o quadro inteiro da nossa percepção e da nossa linguagem. Tal é o fundamento da possibilidade mesma de existir uma sociedade, uma civilização, uma “história”. Eternidade não é simples duração sem fim. Eterno, definia Boécio, é o ser que detém “a posse plena e simultânea de todos os seus momentos”. Não temos essa posse. Nossos momentos são vividos em sucessão, fugindo irreparavelmente. Não obstante, sabemos que o fogo-fátuo que brilhou um instante na superfície das aparências, desaparecendo em seguida, nunca mais será revogado, nunca mais poderá tornar-se “um nada”. O acontecido não desacontece: passado e esquecido, o que uma vez ingressou no real está inscrito para sempre no registro do ser. C

As causas da inflação Por José Nivaldo Cordeiro

As causas da inflação Por José Nivaldo Cordeiro 30 de Maio de 2002 Todos sabemos que atualmente o Brasil adota o regime de metas para a taxa de inflação, mobilizando os tradicionais instrumentos de política monetária com o fito de alcançá-las. Essa é uma das razões pela qual a taxa de juros básica não tem cedido, apesar das pressões políticas. Em uma economia estável, em equilíbrio, o instrumental de política monetária pode perfeitamente ser eficaz para o alcance das metas. Não é o caso do Brasil de hoje, lamentavelmente. Abordo o tema a propósito do mote levantado pelo economista Guido Mantega, um dos principais assessores econômicos de Lula e antigo colega quando dei aulas de economia na EAESP-FGV e na PUC de São Paulo, no programa “Opinião Nacional”, da TV Cultura. O teor das declarações foi publicado no site do jornal “O Estado de São Paulo”. Segundo o economista, “o combate à inflação é uma prioridade de qualquer governo, mas que o regime de metas, como o posto em prática pelo

História marxista é charlatanismo Olavo de Carvalho

História marxista é charlatanismo Olavo de Carvalho O Globo, 27 de maio de 2002 Com honrosas e inevitáveis exceções, a historiografia disponível no mercado livreiro nacional é de orientação predominantemente marxista ou filomarxista. Por isso nossa visão da História é estereotipada e falsa ao ponto de confundir-se com a ficção e a propaganda. A História que os brasileiros aprendem nas escolas e nos livros é uma História para cabos eleitorais. É que ninguém pode ser marxista também sem ler tudo com suspicácia paranóica em busca de motivações políticas ocultas, e abster-se, por princípio, de fazer o mesmo com aquilo que se escreve. Com a maior naturalidade um marxista escarafunchará o “discurso do poder” nas entrelinhas dos autores mais apolíticos e devotados à pura ciência, ao mesmo tempo que se recusará a examinar a presença do mesmo elemento em tipos que, como ele, estão ostensivamente empenhados na luta pelo poder. Para o marxista, a História, por definição, não é ciência descri

Protecionismo e barbárie Por José Nivaldo Cordeiro

Protecionismo e barbárie Por José Nivaldo Cordeiro 26 de Maio de 2002 O candidato Lula tem sido pródigo em defender o protecionismo sistemático contra a concorrência internacional, prometendo imitar os governos francês e norte-americano, que usam desse instrumento episodicamente. A claque dos ignorantes aplaudiu de imediato, assim como a dos interesseiros, os ávidos por uma política industrial, como é o caso da liderança da FIESP. Estão certos? Evidente que não. Um exame da questão na literatura econômica vai mostrar que não há solução melhor para os países do que o livre comércio. As trocas internacionais possibilitam o enriquecimento do conjunto dos países, desde que não haja intervenção governamental, distorcendo os preços relativos. Essa verdade ficou auto-evidente desde Adam Smith. O que os políticos fazem é enganar a sua população, confundindo privilégios particulares como se eles fossem um ganho para o conjunto da nação. Isso é falso. Quando Bush sobretaxa o aço brasileiro

Duelo Impossível Por José Nivaldo Cordeiro

Duelo Impossível Por José Nivaldo Cordeiro 23 de Maio de 2002 A imprensa nos informa hoje que mais um oficial foi condenado pelos acontecidos de Eldorado dos Carajás. Volto ao tema, sem temer ser repetitivo, não por esse fato, que não mais é surpresa: a injustiça derivada daquele triste episódio passou a ser rotineira. Mas, sim, por causa de um dos argumentos utilizados pela acusação contra a ação dos policiais militares.A dúvida em debate diante do Júri era saber quem atirou primeiro. A simples colocação dessa questão já mostra a quantas anda o relativismo do nosso sistema jurídico e, por conseqüência, do sistema de Justiça. Uma ação como aquela, de restabelecimento da ordem pública e de desobstrução das vias de circulação, pressupunha o uso dos instrumentos normais nesse caso, como as bombas de gás lacrimogênio e as de efeito moral. O filme revela que policiais empunhando lançadores estavam na linha de frente da operação. Pessoas normais temeriam a ação da PM e de seus instrument

Fantamasgoria verbal Olavo de Carvalho

Fantamasgoria verbal Olavo de Carvalho Jornal da Tarde, 23 de maio de 2002 Há uma diferença substancial entre aderir a uma posição política, julgando os fatos com base nela, e tomar conhecimento de fatos que, por sua força intrínseca, e mesmo contra a nossa vontade, acabam por mudar nossa opinião política. Três obstáculos tornam difícil aos brasileiros de hoje perceber essa diferença na prática, se não mesmo apreendê-la conceptualmente. O primeiro é o tradicional verbalismo nacional. Verbalismo não é amor às palavras. Também não é falar muito. É um mau hábito de percepção verbal, que faz o sujeito reagir emocionalmente à simples menção de certas palavras, sem esperar para obter uma adequada representação imaginativa das coisas e fatos mencionados. O segundo obstáculo é o analfabetismo funcional, endêmico nas nossas classes superiores. Analfabetismo funcional é impossibilidade de produzir a representação imaginativa da coisa lida ou ouvida. É um upgrade do verbalismo. É verbalismo c

O mal é o que sai da boca do intelectual de esquerda Por Alceu Garcia

O mal é o que sai da boca do intelectual de esquerda Por Alceu Garcia Maio de 2002 Conta Aristóteles que seu mestre Platão ocasionalmente interrompia as aulas que ministrava na Academia para questionar-se, e a seus alunos, se no tema desenvolvido eles estavam partindo dos primeiros princípios ou no caminho que se dirige a eles. No Brasil são poucos, mesmo nos mais sisudos centros acadêmicos, os que efetivamente se preocupam com essa investigação preliminar de máxima importância em qualquer campo do saber. Nos debates públicos ventilados na imprensa, então, nem se fala. Nesse universo marcado pelo falatório sofístico não só inexiste preocupação com princípios, como a própria linguagem encontra-se tão corrompida que é impossível sequer saber com um mínimo de clareza e precisão do que se está tratando nas discussões. E o maior problema é que a adulteração do sentido das palavras é deliberada, envolvendo um projeto de dominação ideológica no sentido marxista do termo, a falsa consciênci