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Mostrando postagens de outubro, 2018

Farsa monstruosa Olavo de Carvalho

Farsa monstruosa Olavo de Carvalho Jornal da Tarde, 9 de maio de 2002 A onda mundial de denúncias contra o clero católico baseia-se nuns quantos casos de pedofilia registrados, ao longo de mais de uma década, em vários países. A repetição uniforme do noticiário cria na alma do público uma associação de idéias entre pedofilia e catolicismo, reforçada por pareceres supostamente abalizados que sugerem a ligação entre esse fenômeno e o celibato clerical. Para quem pense por estereótipos e frases feitas, o noticiário é impressionante, e convincente a fusão de imagens que ele veicula. Homens capazes de raciocinar com números e fatos são, em qualquer país, uma minoria irrelevante. Mas, aos olhos dessa minoria, é claro que as denúncias dizem o contrário do que pretendem: o que elas demonstram é que a pedofilia é menos freqüente entre padres católicos do que entre os membros de qualquer outro grupo social escolhido para fins de comparação. Escolho, a título de amostra, dois dos grupos que

Origens do PC do B Olavo de Carvalho

Origens do PC do B Olavo de Carvalho Zero Hora, 7 de abril de 2002 A propaganda maciça do PC do B na televisão vem prometendo liberdade, prosperidade, lei e ordem, etc. e tal, e os partidos ditos “de direita” (que não são de direita de maneira alguma, mas apenas associações de auto-ajuda de oportunistas caipiras) se encontram tão sonsos, tão alienados, que a nenhum deles sequer ocorre a idéia de lembrar aos eleitores a origem e o comprometimento ideológico dessa agremiação. O PC do B foi um dos partidos que nasceram da revolta entre os apóstolos de métodos revolucionários sangrentos quando a União Soviética, na década de 50, decidiu que os partidos comunistas do mundo, salvo expressa instrução de Moscou, deveriam abster-se do uso direto da violência para a conquista do poder. Saudosos do genocídio stalinista e inconformados com o que lhes pareceu um imperdoável aburguesamento da revolução soviética, os comunistas mais enfezadinhos juntaram forças em torno de Mao Tsé-Tung, um sociopa

Os mesmos, os mesmíssimos Olavo de Carvalho

Os mesmos, os mesmíssimos Olavo de Carvalho O Globo, 4 de maio de 2002 Não conheço detalhes da ideologia do sr. Le Pen, mas, do que tenho lido, concluo que ele é menos anti-semita do que a média da esquerda mundial que tanto o demoniza. Dizer que o Holocausto foi “apenas um detalhe na História” é uma brutalidade, mas será tão insultuoso quanto dizer que foi igualzinho ao que os judeus estão fazendo na Palestina? A primeira dessas afirmações custou ao seu autor a perda de um mandato e a exposição ao vilipêndio internacional. A segunda é repetida ad nauseam por celebridades cuja reputação não sai nem um pouco arranhada por isso. Dez mil Le Pens, com suas tiradas de oratória infame seguidas de desculpas esfarrapadas, não fariam aos judeus um mal comparável ao que a mídia “iluminada” fez nas últimas semanas. Ele disse grosserias, mas nunca chamou os judeus de nazistas. Nunca aplaudiu, incentivou ou glamourizou meninas-bombas palestinas que explodem supermercados em Tel-Aviv. Nunca diss

Os Banqueiros e o desastre inevitável Por José Nivaldo Cordeiro

Os Banqueiros e o desastre inevitável Por José Nivaldo Cordeiro 02 de Maio de 2002 As crises econômicas habitualmente têm origem ou se transformam, em seu processo, em problemas com os financiadores internacionais. Está aí a Argentina e as últimas crises brasileiras para atestar o fato. Por conta disso, os discursos políticos “críticos” começam e acabam em propor soluções extramercado para com os financiadores internacionais, as chamadas moratórias, de triste memória. Em que consiste realmente o problema? É claro que país algum pode dispensar o concurso dos banqueiros, pois é a partir das garantias bancárias que o comércio entre as nações pode acontecer. Cumprem, os bancos, esse fundamental e insubstituível papel. Sempre que se tentou fazer a substituição dos banqueiros, como o Brasil nos anos setenta com os países do bloco socialista, deu no que deu: prejuízo. O caso da Polônia e as famigeradas “polonetas”, tão denunciadas pelo Embaixador Meira Penna, é emblemático. Alguns bilhõe

Estado, poupança e miséria Por Alceu Garcia

Estado, poupança e miséria Por Alceu Garcia Rio de Janeiro, Abril de 2002 Introdução Poucos temas provocam menos controvérsia quanto o que versa sobre as razões da pobreza e miséria de grande parte da população brasileira. Não se passa um dia sem que os intelectuais de esquerda (e também muitos de direita, ao menos nominalmente) confortavelmente aboletados em prestigiosos espaços na grande imprensa e cátedras universitárias profiram iracundos vereditos culpando, naturalmente, o capitalismo explorador, a globalização, o neoliberalismo, o imperialismo americano e outros bodes-expiatórios de ocasião pela triste situação do nosso país. Para esses paladinos dos “excluídos” a solução é simples: mais governo. Para os mais radicais somente a supressão completa do mercado e a consequente redução total da sociedade ao Estado sinalizará o fim da miséria. Para os moderados basta o controle estatal benevolente das “forças cegas” do “capitalismo selvagem” para a justiça social imperar no Brasil.

PT muda Por Janer Cristaldo

PT muda Por Janer Cristaldo “A imprensa mudou, os partidos mudaram e eu mudei”, diz Lula. Ora, mudar tem época. O homem que era adulto no pós-guerra, tinha sobrado conhecimento dos crimes do comunismo. Os gulags datam de 1918. As purgas e assassinatos, de 1936. Se permanecia marxista até o final dos 30, no fundo apoiava os expurgos, massacres, assassinatos e gulags. Em 1949, este homem teve mais uma chance de abandonar o barco, a affaire Kravchenko.Victor Andreïevitch Kravchenko, alto funcionário soviético que havia trocado a URSS pelos Estados Unidos, relatou esta opção em Eu escolhi a liberdade, livro em que denunciava a miséria generalizada e os gulags do regime stalinista. O livro foi traduzido ao francês em 1947 e teve um sucesso fulminante. A revista Les Lettres Françaises publicou três artigos difamando Kravchenko, apresentando-o como um pequeno funcionário russo recrutado pelos serviços secretos americanos. Kravchenko processou a revista, no que foi considerado, na época, o ju

Cem anos de pedofilia Olavo de Carvalho

Cem anos de pedofilia Olavo de Carvalho O Globo, 27 de abril de 2002 Na Grécia e no Império Romano, o uso de menores para a satisfação sexual de adultos foi um costume tolerado e até prezado. Na China, castrar meninos para vendê-los a ricos pederastas foi um comércio legítimo durante milênios. No mundo islâmico, a rígida moral que ordena as relações entre homens e mulheres foi não raro compensada pela tolerância para com a pedofilia homossexual. Em alguns países isso durou até pelo menos o começo do século XX, fazendo da Argélia, por exemplo, um jardim das delícias para os viajantes depravados (leiam as memórias de André Gide, “Si le grain ne meurt”). Por toda parte onde a prática da pedofilia recuou, foi a influência do cristianismo — e praticamente ela só — que libertou as crianças desse jugo temível. Mas isso teve um preço. É como se uma corrente subterrânea de ódio e ressentimento atravessasse dois milênios de história, aguardando o momento da vingança. Esse momento chegou. O

A política e as características espirituais do nosso tempo Por Francisco Campo

A política e as características espirituais do nosso tempo Por Francisco Campo 21 de Abril de 2002 Proferida no salão da Escola de Belas Artes em 28 de setembro de 1935, publicada pela Imprensa Nacional em 1939 e depois recolhida em O Estado Nacional (Rio de Janeiro, José Olympio, 1941), esta conferência é, segundo Wilson Martins, “um dos grandes textos da nossa literatura política, não apenas pela argúcia profética com que analisava os sinais dos tempos, mas ainda pela alta qualidade do estilo e a gravidade do pensamento”(História da Inteligência Brasileira, São Paulo Cultrix, 1979, vol. VII, p. 43). A posterior colaboração de Francisco Campos com o Estado Novo não empanaria em nada o brilho desta e de outras contribuições suas ao pensamento brasileiro, se as idéias que veiculam não tivessem se revelado, justamente por causa de sua veracidade profunda, impossíveis de assimilar ao discurso esquerdista oficial, como aconteceu sem maiores problemas com as de tantos outros adeptos do