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FÓRMULA DA MINHA COMPOSIÇÃO IDEOLÓGICA Olavo de Carvalho

FÓRMULA DA MINHA COMPOSIÇÃO IDEOLÓGICA Olavo de Carvalho Alguns leitores cobram-me uma autodefinição ideológica. Outros, mais solícitos, apressam-se em fazê-la por mim, catalogando-me seja como neoliberal, seja como anarquista, seja como conservador, seja até como fascista e o diabo a quatro. Surdo às demandas dos primeiros, que me parecem artificiais e de puro capricho, não posso, no entanto, permanecer insensível ante os esforços dos segundos, que traduzem, a olhos vistos, um anseio genuíno e profundo de suas almas, e, mais que um anseio, uma necessidade vital absoluta, a qual, se não atendida, acaba por se atender a si mesma como um estômago de pobre que, desprovido de alimento, se autodigere mediante uma úlcera. Essas pessoas, com efeito, não sabendo o que fazer de suas vidas sem um catálogo ideológico de tudo, e não dispondo de informações cabais sobre a minha personalidade política, acabam por construí-la com pedaços de si mesmas, colhidos nos bas fonds dos seus respectivos

TRÊS SONETOS DE OLAVO DE CARVALHO

TRÊS SONETOS DE OLAVO DE CARVALHO I. O OLHO DIREITO, OU: SONETO PERPLEXO A vitória do tolo é um mistério sacral e já arranquei mil vezes meu olho direito, mas na órbita vazia resplandece, igual, a glória incompreensível do idiota perfeito. "Sim, sim; não, não" – mas o olho que não vê o que vê diz sim ou não? Senhor, é a Ti que devo olhar com o olho que não tenho, e ver o que ele crê haver por trás do que, nas trevas, já não há? Eu gostaria, sim, de poder extirpar, junto com o olho, o mundo, mas não sei dizer se essa sangrenta mágica vai funcionar: tornar caolho o justo há de retificar o mal que ele a si mesmo faz ao pretender trocar o sim por não em vez de o declarar? 14/02/97 II. AVISO DE COBRANÇA, OU: SONETO CALVINISTA Quando eu for rico, ostentarei na pança o emblema da fé bíblica, belíssimo, provando que não sou o que tu pensas, e sim aquele a quem se chama "O Próximo". Como a mim mesmo me amarei, deixando a ti o encargo do louvor devoto, q

A lógica da Justiça Eleitoral Olavo de Carvalho

A lógica da Justiça Eleitoral Olavo de Carvalho O Globo, 13 de julho de 2002 Há fortes razões para crer que o PT tem conexões íntimas com as Farc, portanto com o narcotráfico internacional que subsidia o movimento comunista desde a década de 60 (v. Joseph D. Douglass, “Red Cocaine”, London, 2000). Há indícios significativos de que é um partido revolucionário, organizado em moldes leninistas e dotado de um braço armado, o MST, que vem preparando seus militantes para desencadear uma onda de violência no momento taticamente propício. Ambas essas organizações parecem estar bem articuladas com a nova estratégia cubana de revolução continental alardeada no jornal “Granma”. E a aplicação dessa estratégia no Brasil está, ademais, num estágio muito avançado, se comparada com a preparação de revoluções anteriores registradas na história: por exemplo, no começo de 1917 o Partido Bolchevique ainda nem sonhava em ter à sua disposição, como o PT hoje em dia, uma rede nacional de escolas públicas

Sobre futebol e hinos nacionais Por Félix Maier (*)

Sobre futebol e hinos nacionais Por Félix Maier (*) 09 de julho de 2002 Passou a euforia da população brasileira com a conquista do Penta, e cá estamos na torcida por outro tipo de campeonato, de desfecho muito mais incerto e sofrido do que aquele: a corrida das eleições presidenciais, tendo como pano de fundo a febre do mercado financeiro, por conta de uma dívida interna acima de 700 bilhões de reais. A dívida externa, essa o mercado nem lembra mais quanto é. Afinal, quem será que vai começar a descascar esse abacaxi: Lula-laite, Serra-softe ou Ciro-harde? Mas, para não dizer que não falei de futebol… Durante a última Copa, muito se disse sobre a beleza do Hino Nacional brasileiro, uma unanimidade em todos os quadrantes do mundo – ao menos se acreditarmos o que disseram alguns repórteres da TV Globo. Analisemos, com algum detalhe, os hinos nacionais de alguns países, que, meses atrás, muitos adivinhos e cartomantes juraram que não deixariam que conquistássemos o Penta no Japão, a

Discutindo o capitalismo Por José Nivaldo Cordeiro

Discutindo o capitalismo Por José Nivaldo Cordeiro 7 de julho de 2002 “Quem é fiel nas coisas mínimas, é fiel também no muito. Portanto, se não fostes fiéis quanto ao Dinheiro iníquo, quem vos confiará o verdadeiro bem? Se não fostes fiéis em relação ao bem alheio, quem vos dará o vosso?” (Lucas, 16,10-12, tradução da Bíblia de Jerusalém) Não é fácil discutir a o termo capitalismo. Parece que todas as pessoas sabem tudo sobre o assunto e não têm qualquer dúvida. A palavra está tão desgastada pelo uso político que, para certas correntes de pensamento, virou quase um palavrão. Acusar alguém de capitalista é quase uma condenação ao fogo dos infernos. Não obstante, é preciso discernir a realidade que se apresenta ao mundo de hoje enquanto capitalista (Ocidente) e a sua negação (China, países socialistas), supostamente a sua superação, segundo o credo marxista. Algumas áreas são ainda consideradas pré-capitalistas, especialmente na África e no Oriente. Malgrado o uso político que se faz

No mais sereno dos mundos Por Percival Puggina

No mais sereno dos mundos Por Percival Puggina 6 de julho de 2002 O ideal teria sido ocultar o fato. Ignorar a destruição do monumento. Considerar que o relógio nunca existiu. Retirar dos calendários brasileiros o dia 22 de abril, tanto no ano de 2000 quanto no de 1500. Não ouvir o governador sobre coisa alguma a menos que ele queira e, por fim, considerar perfeito tudo que sua excelência diz e faz. Bastaria essa polida e conivente atitude para vivermos no mais sereno dos mundos. Não precisaríamos sequer de jornalistas, nesse paraíso oficial. Seríamos informados por publicitários do próprio governo, assistiríamos a TVE, evitaríamos a circulação de jornais de outros estados e seríamos tão felizes quanto nos dissessem que éramos. Em Cuba é assim e o pessoal só se lança ao mar porque gosta de esporte náutico. Há uma outra possibilidade, também utilizada na ilha do doutor Castro: ver e agir como se não tivesse visto; ouvir e proceder como quem não ouviu. As pessoas que fazem assim se dã

Apostando na estupidez humana Olavo de Carvalho

Apostando na estupidez humana Olavo de Carvalho O Globo, 6 de julho de 2002 O mais notável fenômeno psicológico da última década foi o “upgrade” mundial do discurso comunista, que, por meio da pura alquimia verbal, transmutou o fracasso sangrento de um regime campeão de genocídio em argumento plausível para elevar ao sétimo céu o prestígio e a autoridade moral da causa esquerdista. Foi o maior “non sequitur” de todos os tempos. Para realizá-lo, os meios empregados foram espantosamente simples: Primeiro: declarar o comunismo episódio encerrado, de modo a inibir a tentação de estudá-lo, portanto a aptidão de reconhecê-lo no seu estado presente e a vontade de combatê-lo. Segundo: trocar a palavra “comunismo” por qualquer de seus equivalentes eufemísticos tradicionais (“forças democráticas”, etc.), que, na atmosfera de esquecimento geral assim criada, poderiam sem dificuldade passar por novos. Terceiro: continuar imperturbavelmente a usar as mesmas categorias de pensamento e os mesmo